quarta-feira, 8 de julho de 2009

Oração do Cavalo

Dono meu,
Dá me, freqüentemente, de comer e beber e, quando tenhas terminado de trabalhar-me, dá me uma cama na qual eu possa descansar comodamente;Examina todos os dias os meus pés e limpa minha pele;Fala-me; tua voz é sempre mais eficaz e mais conveniente para mim, que o chicote, que as rédeas e que as esporas;Acaricia-me, freqüentemente para que eu possa compreender-te, querer-te e servir-te, da melhor maneira de acordo com teus desejos;
Não me batas violentamente e nem dês galopes violentos nas rédeas, pois, se não obedeço, como queres, é porque ou não te compreendo ou porque estou mal encilhado, como freio mal colocado, com alguma coisa nos meus pés ou no meu ombro que me causam dor;Se eu me assustar, não deves bater-me, sem saberes a causa disso, pois bem pode ser o defeito da minha vista ou um proverbial aviso pra ti.Não me obrigues a andar muito depressa em subidas. Descidas, estradas empredadas ou escorregadias;Não permaneças montado se necessidade, pois prefiro marchar, a ficar parado com uma sobrecarga sobre o dorso;Quando cair, tenho paciência comigo e ajuda-me a levantar, pois, faço quanto posso para não cair e não te causar desgosto algum;Se tropeçar, não deves por a culpa pra cima de mim, aumentando minha dor e a impressão de perigo com tuas chicotadas; isso só servirá para aumentar meu medo e minha má vontade;Enfim, meu dono, quando a velhice me tornar inútil, não esqueças os serviços que te prestei, obrigando-me a morrer de dor e privações sobe o julgo de um dono cruel ou nos varais de uma carroça; se não puderes manter-me ou mandar-me para o campo, mata-me com tuas próprias mãos, sem me fazeres sofrer.Eis tudo o que te peço, em nome daquele que quis nascer numa baia, minha morada e não num palácio, tua casa.

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